quinta-feira, 28 de maio de 2009

cumprimentos hindus




Em suma, somos mais explícitos no nosso gestual. Mas, na Índia, os parentes em maior grau e os mais velhos da família, recebem um tratamento distinto daqueles, que ficam abaixo, no parentesco. Os filhos devotam aos pais uma cordialidade especial, assim como aos avós e aos mais idosos. A esposa, por sua vez, não pode falar o nome do marido e deve tratá-lo como se fosse um rei, fazendo jus a sua função de mulher cuidadosa e devotada. Arebaguandi!

Esse tipo de cumprimento, todo formal, recebe o nome de Pronam Mudrá. Também são aquinhoados com tamanha reverência os sacerdotes e pessoas de destaque na vida do país. Baguan Keliê!

Já fomos mais cerimoniosos em terras tupiniquins. E não faz muito tempo.
Lembro-me de que, os afilhados (interioranos) de meus avós e tios, pediam a bênção dobrando um joelho e beijando o dorso da mão do padrinho ou madrinha.

Nós, crianças, não nos ajoelhávamos, mas beijávamos as mãos de nossos avós e das pessoas mais velhas. Não me lembro de ter sido obrigada a fazer isso com meus pais. Mas, me lembro de ter levado muitos beliscões, pois, vez ou outra, infringia a lei da boa educação.

Até o tempo dos meus avós, o tratamento de senhor e de senhora ainda vigorou na minha família. Ai daquele que dissesse você. Prometiam logo cortar a nossa língua. Embora soubéssemos que não chegariam a tanto (e olhe que criança ainda não tinha Estatuto do Menor), íamos logo tratando de “dobrar a língua de palmo”, mesmo não sendo malabaristas, pois uma mão na “focinheira”, acabava por nos deixar com os lábios “a la Bardot”. Portanto, era melhor prevenir, que remediar.

Hoje, ficou mais fácil pra todo mundo.

Basta sapecar beijos pra todos os lados, para os familiares e amigos, acompanhados de um forte abraço. Se a pessoa não passa na avaliação do coração, um beijinho de cada lado, com o corpo numa distância segura, sela a recepção. Não há necessidade do “abraço urso”. Aos desavisados, devo dizer, que nas Minas Gerais costumamos emplacar três beijinhos, bem ao gosto do freguês.

Mas não caiam na ousadia de fazer “gestos tão desrespeitosos” na Índia. Poderão ver o sol nascer quadrado no Oriente. Contenham-se, mesmo que estiverem com vontade de misturar aromas corporais. Isso é coisa de firanghi, palavra que deve significar a nossa “galinha” (aquela que não se põe na panela, mas na banheira, rodeada por velas, sais e óleos de canela e erva-doce).

Uma mulher (a coitada sempre levando tinta), não deve JAMAIS tocar no homem ao lhe dirigir o cumprimento. Mesmo que seja Ph.D. no Kama Sutra. Cada coisa na sua hora e nada de aceleramento, pois “o apressado come cru” (mas não morre de fome – respondia meu pai, vitimado pelo AVC).

Na Índia, o Pronam Mudrá é um gesto de saudação, em que a pessoa curva o corpo em direção àquele que é reverenciado, tocando-lhe os pés, com a mão direita. Depois de cumprido tal ritual, a mão responsável pelo toque nos pés, é passada na cabeça, como se aquele que fez o cumprimento estivesse absorvendo a sabedoria do outro, sem perder nadica de nada. Aí está uma boa opção para a educação nacional.

Outro tipo de cumprimento formal e respeitoso usado, para cumprimentar pessoas e imagens de divindades, é unir as palmas das mãos e dedos apontados para cima, na altura do peito, mantendo os antebraços em uma linha paralela ao solo, com uma ligeira vênia, dizendo: Namastê! ou Nâmaskar!

Estas duas palavras são derivadas do sânscrito. Ambas possuem o mesmo significado, embora alguns digam que a segunda seja um pouquinho mais formal.

Significam quando dirigidas:

1- a uma pessoa à “O Deus que há em mim, reverencia o Deus que há em você!”
2- a uma divindade à “Curvo-me perante ti!”.

Como podemos observar o cumprimento não é feito à pessoa, mas ao Deus que habita o seu interior. O Deus que há em um, reverencia o Deus que há no outro. Muito bonito!

Muitas vezes, tais palavras não são ditas, pois já estão implícitas no gesto, assim como, quando sacudimos a mão para cumprimentar ou nos despedirmos de alguém distante.

Elas são usadas tanto na chegada, quanto na despedida. Mas, na despedida não se usa pronunciar a palavra. Faz-se apenas o gestual. Esse gesto também é chamado de añjali mudrá.

Equivale, portanto, ao nosso aperto de mãos e não há nada de religiosidade nele. Tanto é que, indianos muçulmanos ou cristãos, também o fazem. É comum em todo o país.

Existe uma interessante simbologia nesse ritual, em que a mão direita representa a espiritualidade e a esquerda a materialidade. Quando juntas, dá-se o equilíbrio entre o espírito e a matéria. Mas pelo visto, depois da globalização, a mão esquerda está vencendo o páreo.

Dizem alguns, que os dez dedos unidos durante o Namastê (ou Nâmaskar) trazem grandes auspícios, pois o número dez simboliza a perfeição, a unidade e o equilíbrio perfeito. Como exemplo eles citam:

* Os dez mandamentos

* As dez emanações da Árvore da Vida

* Os dez vértices da estrela de Pitágoras

* A Parábola dos Dez Talentos

* Toda a criatura é um reflexo dos Dez Atributos Divinos:

Apego, Bondade, Conhecimento, Entendimento, Esplendor, Harmonia,

Perseverança, Realeza, Sabedoria, Severidade.

NAMASTÊ!

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