sábado, 30 de maio de 2009

A cultura indiana



Embora cada estado indiano possua o seu próprio modo de expressar em relação à arte, música, linguagem e culinária, o povo indiano possui muito apego a sua pátria, grande orgulho e amor por ela, assim como é grande a devoção pelos seus ancestrais. E, é exatamente por isso, que as suas tradições tornam-se vivas e fortes, incompreensíveis para nós, ocidentais.

A Índia possui muitos símbolos, deidades e rituais. A grande maioria desses é relativa ao Hinduísmo (religião predominante), seguidos pelo Islamismo e o Budismo. Somente o estrangeiro, que estuda a cultura indiana com afinco, poderá entender o significado de seus símbolos, mas é obrigação moral dos indianos (pertencente às castas) se dedicarem ao conhecimento da simbologia cultural de seu país.

Principais símbolos:

1.
Deepak – é uma lamparina, tradicionalmente feita de cerâmica, que representa o corpo humano, porque assim como o barro, também viemos da terra. O óleo é queimado nela, como um símbolo do poder da vida. Uma deepak traz-nos a mensagem de que, toda pessoa, no mundo, deve remover a escuridão da ignorância, fazendo o seu próprio trabalho, ou seja, lutando pela sua espiritualidade.
2.
Om - representa o poder de Brahma, pois é o som da criação, o princípio universal, entoado no começo de todos os mantras. Dizem que esse som permeia o cosmos. É o número um do alfabeto, é o zero que dá valor aos números, é o som da meditação.
3.
Flor de lótus - presente em muitas imagens, devido ao fato de crescer na água pantanosa e suja, jamais afetada por ela, ensina-nos, que devemos ficar acima do mundo material, apesar de viver nele. As centenas de pétalas do lótus representam a cultura da “unidade na diversidade”.
4.
Swastica - embora pareça ter laços com o nazismo, é na verdade um símbolo de auspiciosidade, bem-estar e prosperidade. Sendo vista como uma bênção.
5.
Divindades - com seus muitos braços, cada um deles carregando objetos ou armas, símbolos em si (como o lotus, o livro) indicam as direções. A maioria representa os quatro pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste.

Ashrama significa a vida do indiano, que é dividida em quatro fases:

* a infância ;
* a juventude (que é absolutamente devotada aos estudos, não existindo namoro nessa fase) ;
* o tempo de se constituir família que é pela tradição, arranjada pelos pais (hábito que está caindo em desuso, aos poucos);
* a velhice, época em que a vida é dedicada à realização espiritual.

Taj Mahal - é o maior cartão postal indiano (palácio apresentado na abertura da novela). É uma construção muçulmana, um monumento ao amor, construído por certo rei para sua amada, que morreu prematuramente. É uma das maravilhas do mundo, feito com mármore branco e ricamente decorado com pedras preciosas.

A dança indiana é conhecida e aclamada em todo o mundo. Nela se incluem elementos descritivos, onde são narradas aventuras de deuses e heróis míticos. É muito rica em gestualidade e de extrema leveza. São esses os principais instrumentos indianos:

* de cordas - tambura (tampura);
* de sopro - flautas e uma espécie de oboé;
* os mais importantes tambores - o mridangam e o tabla;
* o tala é o gongo indiano.

Entre os mais importantes musicistas indianos estão Ali Akbar Khan e Ravi Shankar.

A Índia é uma diversidade colorida, uma mistura de línguas, religiões, saris e turbantes, além de arquiteturas diferentes.

A princípio, o estrangeiro pode achar, que um sari é sempre igual ao outro, mas um olhar mais aguçado mostrará que, de acordo com a crença, um modo de amarrar difere do outro, como acontece, também, com os turbantes usados pelos homens.

A Índia é um país místico, cheirando a insenso e cheio de guirlandas, com santos vagando pelas ruas. Características que convivem, lado a lado, com um povo extremamente progressista, que gosta da modernidade e com uma identidade cultural única no mundo. Para nós, é extremamente paradoxal esse Caldeirão Cultural em que estão inseridos os indianos.

O escritor Shafique Keshavjee faz uma comparação muito interessante entre o universo ocidental e o universo orienta, quando diz que “o mundo começará a mudar, quando os ocidentais se interessarem um pouco menos pelas coisas materiais, e os orientais um pouco menos pelo sagrado, e quando, juntos, se preocuparem um pouco mais com a vida real dos humanos.”

Expressões usadas em “Caminho das Índias”

A Índia é um mosaico de línguas, que incluem mais de 400 idiomas e dialetos pertencentes, principalmente, a duas famílias lingüísticas: a indo-ariana e a dravídica, além do inglês.

A constituição da Índia estipula que o híndi e o inglês sejam as duas línguas oficiais da administração federal.



ARE BABA - é uma exclamação. Equivale a um “poxa!” /”ô Deus” /”não” /”não brinca”/ “ah, não”

BAGUAN KELIÊ - por Deus! ô meu Deus!

AREBAGUANDI - também no sentido de “ai meu Deus”! (quando se põe esse final “di”, acrescenta-se um respeito maior à pessoa a quem você se dirige. Assim, arebaguandi é um “ô meu deus”mais respeitoso ainda que o BAGUAN KELIÊ)

DJAN - querido, amado

TCHALÔ - vamos!

DJAN. DJAN - vá, vá, vamos

ULU - pessoa estúpida, burra

ULUCAPATÁ - o maior de todos os burros! “grande senhor dos burros”, como traduzem os indianos

ATCHÁ - expressao de satisfação

ATCHATCHATCHA - expressão que traduz muita satisfação

FIRANGHI - estrangeira

DHANYAVAAD - Obrigado!

KOIBHAT NAHI - De nada!

TIK RÉ - Sim, Ok, Tudo bem

NARRIN - Não!

SHUKRIÁ - Outra forma de dizer “Muito obrigado!”

ATCHA - Que ótimo!, Que bom!, Que legal!

OM SHANTI - Desejo-te paz! ou A Paz do Senhor!
TRATAMENTOS FAMILIARES

Na India, a maneira de chamar um parente especifica exatamente o grau de parentesco que se tem com ele. Vejam:

pai - baldi ou papa

mãe - mamadi ou mami

irmão mais velho - bhaya

irmã - didi

tio por parte de pai - barepapa (o mais velho) caca ou tchatcha (o mais novo)

tio por parte de mãe - mama

tia por parte de mãe - massi

avô por parte de pai - dada

avó por parte de pai - dadi

avô por parte de mãe - nana

avó por parte de mãe - nani

O Hinduísmo e os Dalits -



O Hinduísmo é a principal religião da Índia, professada por mais de 80% dos indianos.

Sua importância é tamanha, que se usa o termo “hindu” (seguidor do hinduísmo) com o mesmo significado de “indiano”.

É uma mistura de vários tipos de crenças com diversos estilos de vida, originárias das várias tradições étnicas que habitam esse país. É conhecida há mais de 3.000 anos a.C., e não possui fundador. Seus livros sagrados são os Vedas e os Upanishads.

Hoje, ocupa o patamar da terceira maior religião do mundo (depois do Cristianismo e do Islamismo), em relação ao número de seguidores. Está disseminada principalmente pela Índia, Nepal, Paquistão, Sri Lanka e Indonésia.
Fundamentos básicos do Hinduísmo:

1- cada pessoa possui um espírito (atman), que é uma força perene e indestrutível. Sua trajetória depende das ações de cada um, de acordo com a Lei do Carma, onde a toda ação corresponde uma reação;

2- até atingir a libertação final (moksha), o indivíduo passa continuamente por mortes e renascimentos, cujo ciclo é chamado de Roda de Samsara, da qual só sai após atingir a Iluminação;

3- os rituais compõem-se de dois elementos principais: Darshan, que é a meditação/ contemplação da divindade, e o Puja (oferenda);

4- a alimentação vegetariana é um de seus pontos principais, pois é livre da impureza (morte/sangue), e como todo alimento deve ser antes oferecido aos deuses, não se pode ofertar algo que seja “sujo”;

5- o mais importante mantra é o OM, (sílaba sagrada) que representa o próprio nome de Deus, sendo a semente de todos os mantras e o princípio da criação e dele derivou toda a matéria.

As preces são entoadas como cânticos no idioma sânscrito (língua morta), que deu origem ao hindi e a um grande número de dialetos praticados na Índia. Recebem o nome de mantras, que são dirigidos a diversas divindades, ou estimulam qualidades pessoais. Em geral, são entoados 108 vezes e, para sua contagem é utilizado o japa-mala (colar de contas), confeccionado em sândalo ou com sementes de rudraksha (árvores consideradas de bom augúrio).

O Hinduísmo vê o nascimento de um indivíduo dentro de uma determinada casta, como resultante de um Carma que ele está a cumprir, pelo que fez nas vidas anteriores.

Quanto mais se sobe na hierarquia das castas, maiores responsabilidades a crente passa a ter.
As castas são as seguintes:

* Brâmanes - é a casta superior, composta por filósofos e educadores, que tem uma vida dedicada aos estudos e obrigações sociais;
* Kshatriya – casta composta por administradores e soldados;
* Vaishya – casta composta por comerciantes e pastores;
* Sudras , casta composta por artesãos e trabalhadores braçais.

Os Intocáveis ou Dalits não fazem parte de nenhuma casta, cabendo a eles os serviços considerados sujos, pela cultura indiana.

Antigamente, o sistema de castas era seguido como lei, mas depois que Mahatma Gandhi contestou-o, em nome dos direitos humanos, a mobilidade social começou a dar alguns frágeis passos no país.

Os brâmanes são os únicos responsáveis pelos rituais religiosos hindus, assumindo as posições de destaques nos seus templos, uma vez que a cobrança da roda da vida é maior para os mais habilitados.

O Hinduísmo é uma religião politeísta (presença de vários deuses). Dentre as suas principais divindades encontram-se:

* Brahma – representante da força criadora do Universo, a alma universal;
* Matsya – responsável por ter salvo a humanidade da destruíção;
* Vishnu – responsável pela manutenção do Universo, também conhecido como “o preservador”;
* Ganesha – responsável pela prosperidade, inteligência, intelecto e a capacidade de superar obstáculos. É representado como um ser com corpo de homem e cabeça de elefante. Simboliza a união entre o masculino e o feminino (ou os princípios Shiva e Shakti), pois sua tromba é uma forma fálica, e a boca é a forma receptora;
* Shiva – deus supremo, também visto como “o destruidor”. Representa o princípio masculino. É o deus da morte, da destruição e das transformações profundas. Sua atuação é fundamental, pois do caos que promove, é que nasce a nova vida.

Os saddhus são homens “santos“, que renunciam ao mundo e vagueiam em busca de sabedoria e iluminação. São devotos de Shiva e costumam andar seminus, com os cabelos compridos e emaranhados. Dedicam-se à prática da ioga, que seria uma expressão da dança de Shiva.

Na visão hinduísta, a vida é um eterno retorno, que gira em volta de ciclos homocêntricos, terminando com a iluminação. Portanto, os hindus não veem os problemas da existência como castigo ou pecado, mas como uma chance de a alma amadurecer, para chegar à iluminação, posição alcançada por poucos. De modo que, as várias facetas existenciais são tidas como transitórias.

Somente diante do conhecimento da crença hinduísta podemos compreender a posição de servilismo e submissão em que se encontram os dalits. Tudo aceitam como um meio de alcançar, no próximo retorno, uma vida melhor. A revolta impediria o amadurecimento espiritual.

Como uma das principais características do Hinduísmo é a sua capacidade de absorver novos elementos, tanto a influência muçulmana, quanto a cristã já se fazem presentes nos dias de hoje, levando-o a se dividir em várias correntes.

O fogo sagrado

Todo o país viveu dias de curiosidade, para ver que rumo tomaria a vida de dois dos personagens da novela Caminhos das Índias, quando veio o xeque-mate: um casamento indissolúvel, realizado diante das chamas do fogo sagrado.

Primitivamente, os indianos possuíram uma literatura sagrada intimamente ligada à sua religião. Os primeiros livros dessa literatura são os Vedas (conjunto de textos sagrados), que descrevem e celebram os deuses de então:

Agni – deus do fogo, do fogo doméstico, do fogo celeste, o sol, do fogo das nuvens, o raio,

Indra – o deus da atmosfera, análogo ao Zeus dos gregos,
Soma – a lua, etc.

Agni, portanto, é o deus do fogo sagrado na cultura védica, importante em quase todos os rituais religiosos, pois acreditam que, sem o fogo, não pode haver vida.

O deus Agni está presente em vários hinos dos Vedas.

O fogo é um dos quatro elementos, que regem o planeta (Fogo, Água Ar e Terra), sendo considerado um símbolo sagrado na maioria das religiões, incluindo o Hinduísmo, Cristianismo, Judaísmo, Islamismo, Xintoísmo e Wicca.

Quase todos os rituais religiosos são realizados na presença desse elemento, seja em forma de fogueiras, ou mesmo simplesmente representado por uma vela, possuindo um misticismo, que envolve quase todas as crenças.

Nas religiões neopagãs, como é o caso do Druidismo, da Wicca e da Asatrú, também existe a crença na existência de cinco elementos constituintes do Universo, sendo eles o Fogo, a Água, o Ar, a Terra e Akasha, sendo este último a manifestação da energia divina.

Em suas pesquisas, a novelista Glória Perez descobre que, se um casal se une diante do fogo sagrado, o casamento é válido e impossível de ser anulado. E é exatamente dessa brecha de que se vale o indiano e a sua amada brasileira, sem precisar do consentimento da família Ananda e de suas negociatas, via pandit.

Os pombinhos acabam por se casar diante de uma autoridade religiosa (sacerdote do hinduísmo) e de uma fogueira, deixando as duas famílias em pandarecos.

Tudo leva a crer que a ladroa do coraçãozinho indiano, comerá o pão que o diabo amassou na sua nova família hindu. Pois, até então, nunca havia tomado uma xícara de chá gengibre com tchkali ou um copo de lassi na casa da família Ananda.

Quem viver, verá! Are Baba!

A Índia é o país dos rituais, assim como os demais países do Oriente. E o mais engraçado é que poucas pessoas conhecem a origem desse ritualismo. Dele fazem parte, sem ter um mínimo de noção. Agem, na maioria das vezes, por mero condicionamento.

Dentre tantos, está o casamento, pois goza de grande prestígio dentro da tradição hinduísta. A família representa um pequeno núcleo do Estado. Sendo que tudo é feito no sentido de fazê-la prosperar. Sem a família, nenhum de seus membros não consegue apoio, pois ela age em conjunto. A família é o pilar da sociedade hindu.

Quando o filho casa, a esposa acompanha-o para morar com sua família. Trocando em miúdos, quem casa um filho ganha uma filha e quem casa uma filha, perde-a para a família do esposo.

Mesmo dentro do hinduísmo, existem muitos rituais relativos ao casamento, variando de região para região, cultura e costumes étnicos.

Namastê!

A vaca sagrada: Ocidente x Oriente -



As cidades indianas tem crescido muito e as vacas passaram a ser um problema mais do que visível, que nem mesmo o divino touro Nhandi poderá resolver.

Uma das queixas mais recorrentes é que elas, em busca de alimento, espalham o lixo, rasgando os sacos. A segunda é a de que vem trazendo grande perigo para o tráfego nas grandes cidades.

Tentando reduzir a população de vacas em Nova Delhi, o governo vem contratado homens, que possuem a incumbência de capturar e transportar as divinas, para bem distante das fronteiras da cidade, onde são cuidadas. Mesmo isso não tem sido fácil, pois ao ouvirem o som do caminhão, saem em debandada pelas ruas e, sem falar na oposição do povo hindu.

Segundo a visão ocidental, a Índia só abandonará as suas superstições religiosas, no dia em que matar e comer uma vaca. Acha um paradoxo a adoração à vaca, enquanto milhares de indianos morrem de fome. Questão difícil de ser resolvida, pois nem mesmo os 200 anos de domínio britânico mudaram alguma coisa na visão desse povo, em relação à vaca sagrada. Por isso, a proteção à vaca tem sido chamada de “lunático entrave” para a gestão das explorações sensatas, segundo a visão dos economistas ocidentais.

O mundo ocidental acha um absurdo não aproveitar, para comer, as vacas doentes ou idosas. No entanto, a Índia gasta muito menos com o envelhecimento de seu gado, do que os estadunidenses com seus gatos e cães.

Ao ouvir loas sobre a civilização ocidental, certo estadista indiano respondeu:

- Parece ser uma boa idéia. Quando será que os ocidentais vão começar?

O agricultor indiano vê o gado como parte da família, uma vez que dele depende para sua própria subsistência. Por isso, faz todo sentido, quer economicamente e emocionalmente, lutar pelo seu bem-estar. Quase toda família rural indiana possui, no mínimo, uma vaca leiteira.

A Índia possui a maior concentração de gado do mundo, assim como é o segundo produtor mundial de leite.

É interessante notar que os principais problemas de saúde na Índia são, na verdade, resultantes da superlotação urbana, saneamento inadequado e das dificuldades de atendimento médico. Enquanto no Ocidente a hipertensão arterial, doenças cardíacas, artrite e câncer constituem as maiores ameaças para a saúde.

Os Vedas (livro sagrado do hinduísmo) concordam com a alegação ocidental de que o homem tem domínio sobre os animais. No entanto, não aceita o modo como o ocidente lida com seus dependentes animais. Alegam que temos domínio sobre as nossas crianças e anciãos, mas que nem por isso justifica o fato de abatê-los.

Os Vedas não ensinam que a vaca é superior à forma humana de vida. Pelo contrário, é uma mãe a prestar favores à sociedade humana e, por isso, deve ser protegida. Sua assistência ao homem libera grande parte da humanidade da luta na vida, proporcionando-lhe mais tempo para a busca espiritual, sendo um erro pensar que os animais não possuem sentimentos.

Para a Índia, a vaca representa o princípio sagrado da maternidade, simbolizando a caridade e a generosidade, pelo jeito como distribui seu leite, que é essencial para a alimentação dos jovens e idosos.

Contudo, as nossas rainhas enfrentam sérias dificuldades. Uma delas é a subnutrição crônica em razão da falta regional e sazonal de forragem e água. Ficam com o sistema imunológico enfraquecido, tornando-se suscetíveis à infecção parasitária e outras doenças.

Um grande número de animais mal nutridos cria um potente meio de surtos de doenças infecciosas, que exigem vacinas caras, muitas vezes ineficazes, pela falta de refrigeração. Os ocidentais questionam se, a uma triste existência em semi-inanição, muitas vezes também doentes crônicos, sem assistência governamental, não seria mais humano o abate.

Ambientalistas preveem, que haverá um choque breve no território indiano, porque a massa de terra do país não pode sustentar o crescimento da população humana e animal, como vem acontecendo.

Gowshalas (refúgios para o gado) e pinjrapoles (refúgio para uma mais diversificada população animal) estão localizados em toda a Índia, sendo mantidos pelos impostos e doações de caridade da comunidade empresarial. Mesmo sabendo que o búfalo é de melhor qualidade na produção de leite do que a maioria das variedades de vacas, raramente é encontrado em gowshalas, porque é considerado impuro e não merecedor do mesmo respeito que as vacas.

Infelizmente, tais abrigos não podem absorver todos os bezerros, vacas e bois, uma vez que a população bovina está constantemente aumentando, pois a vaca deve ter um bezerro para produzir leite. Os danos ecológicos, produzidos por milhões de vacas leiteiras, está transformando algumas partes da Índia num deserto, desprovido de árvores e solo superficial.

Devido à oposição religiosa à eutanásia, mesmo morrendo de dor, esses animais não são submetidos a ela. Muitos ortodoxos hindus e jainistas opõem-se à morte de animais, por qualquer razão, pois pregam que é errado interferir, de alguma forma, com o carma ou o destino do outro. Hindus tem fundamentado que matar uma vaca doente é como matar a própria mãe, o que é impensável.

E assim, seguem as vacas sagradas na Índia.

Namastê!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

cumprimentos hindus




Em suma, somos mais explícitos no nosso gestual. Mas, na Índia, os parentes em maior grau e os mais velhos da família, recebem um tratamento distinto daqueles, que ficam abaixo, no parentesco. Os filhos devotam aos pais uma cordialidade especial, assim como aos avós e aos mais idosos. A esposa, por sua vez, não pode falar o nome do marido e deve tratá-lo como se fosse um rei, fazendo jus a sua função de mulher cuidadosa e devotada. Arebaguandi!

Esse tipo de cumprimento, todo formal, recebe o nome de Pronam Mudrá. Também são aquinhoados com tamanha reverência os sacerdotes e pessoas de destaque na vida do país. Baguan Keliê!

Já fomos mais cerimoniosos em terras tupiniquins. E não faz muito tempo.
Lembro-me de que, os afilhados (interioranos) de meus avós e tios, pediam a bênção dobrando um joelho e beijando o dorso da mão do padrinho ou madrinha.

Nós, crianças, não nos ajoelhávamos, mas beijávamos as mãos de nossos avós e das pessoas mais velhas. Não me lembro de ter sido obrigada a fazer isso com meus pais. Mas, me lembro de ter levado muitos beliscões, pois, vez ou outra, infringia a lei da boa educação.

Até o tempo dos meus avós, o tratamento de senhor e de senhora ainda vigorou na minha família. Ai daquele que dissesse você. Prometiam logo cortar a nossa língua. Embora soubéssemos que não chegariam a tanto (e olhe que criança ainda não tinha Estatuto do Menor), íamos logo tratando de “dobrar a língua de palmo”, mesmo não sendo malabaristas, pois uma mão na “focinheira”, acabava por nos deixar com os lábios “a la Bardot”. Portanto, era melhor prevenir, que remediar.

Hoje, ficou mais fácil pra todo mundo.

Basta sapecar beijos pra todos os lados, para os familiares e amigos, acompanhados de um forte abraço. Se a pessoa não passa na avaliação do coração, um beijinho de cada lado, com o corpo numa distância segura, sela a recepção. Não há necessidade do “abraço urso”. Aos desavisados, devo dizer, que nas Minas Gerais costumamos emplacar três beijinhos, bem ao gosto do freguês.

Mas não caiam na ousadia de fazer “gestos tão desrespeitosos” na Índia. Poderão ver o sol nascer quadrado no Oriente. Contenham-se, mesmo que estiverem com vontade de misturar aromas corporais. Isso é coisa de firanghi, palavra que deve significar a nossa “galinha” (aquela que não se põe na panela, mas na banheira, rodeada por velas, sais e óleos de canela e erva-doce).

Uma mulher (a coitada sempre levando tinta), não deve JAMAIS tocar no homem ao lhe dirigir o cumprimento. Mesmo que seja Ph.D. no Kama Sutra. Cada coisa na sua hora e nada de aceleramento, pois “o apressado come cru” (mas não morre de fome – respondia meu pai, vitimado pelo AVC).

Na Índia, o Pronam Mudrá é um gesto de saudação, em que a pessoa curva o corpo em direção àquele que é reverenciado, tocando-lhe os pés, com a mão direita. Depois de cumprido tal ritual, a mão responsável pelo toque nos pés, é passada na cabeça, como se aquele que fez o cumprimento estivesse absorvendo a sabedoria do outro, sem perder nadica de nada. Aí está uma boa opção para a educação nacional.

Outro tipo de cumprimento formal e respeitoso usado, para cumprimentar pessoas e imagens de divindades, é unir as palmas das mãos e dedos apontados para cima, na altura do peito, mantendo os antebraços em uma linha paralela ao solo, com uma ligeira vênia, dizendo: Namastê! ou Nâmaskar!

Estas duas palavras são derivadas do sânscrito. Ambas possuem o mesmo significado, embora alguns digam que a segunda seja um pouquinho mais formal.

Significam quando dirigidas:

1- a uma pessoa à “O Deus que há em mim, reverencia o Deus que há em você!”
2- a uma divindade à “Curvo-me perante ti!”.

Como podemos observar o cumprimento não é feito à pessoa, mas ao Deus que habita o seu interior. O Deus que há em um, reverencia o Deus que há no outro. Muito bonito!

Muitas vezes, tais palavras não são ditas, pois já estão implícitas no gesto, assim como, quando sacudimos a mão para cumprimentar ou nos despedirmos de alguém distante.

Elas são usadas tanto na chegada, quanto na despedida. Mas, na despedida não se usa pronunciar a palavra. Faz-se apenas o gestual. Esse gesto também é chamado de añjali mudrá.

Equivale, portanto, ao nosso aperto de mãos e não há nada de religiosidade nele. Tanto é que, indianos muçulmanos ou cristãos, também o fazem. É comum em todo o país.

Existe uma interessante simbologia nesse ritual, em que a mão direita representa a espiritualidade e a esquerda a materialidade. Quando juntas, dá-se o equilíbrio entre o espírito e a matéria. Mas pelo visto, depois da globalização, a mão esquerda está vencendo o páreo.

Dizem alguns, que os dez dedos unidos durante o Namastê (ou Nâmaskar) trazem grandes auspícios, pois o número dez simboliza a perfeição, a unidade e o equilíbrio perfeito. Como exemplo eles citam:

* Os dez mandamentos

* As dez emanações da Árvore da Vida

* Os dez vértices da estrela de Pitágoras

* A Parábola dos Dez Talentos

* Toda a criatura é um reflexo dos Dez Atributos Divinos:

Apego, Bondade, Conhecimento, Entendimento, Esplendor, Harmonia,

Perseverança, Realeza, Sabedoria, Severidade.

NAMASTÊ!

domingo, 24 de maio de 2009

DADOS E INFORMAÇÕES IMPORTANTES:

País que Pertence: Índia
Data de Fundação: século XII
População: 18 milhões
Área (em km²): 1.483
Densidade Demográfica (habitantes por km²): 12.137
Principais Atividades Econômicas: indústria, comércio e serviços.
Rio Principal: rio Ganges
Temperatura média anual: 25 °C
Clima: subtropical semi-árido
Índice Pluviométrico anual: 700 mm

PONTOS TURÍSTICOS E CULTURAIS

- Portal da Índia
- Forte Vermelho
- Templo de Gurdwara Bangla Sahib
- Tumba de Humayun
- Mesquita de Jama Masjid
- Qutab Minar
- Memorial de Mahatma Gandhi
- Rashtrapati Bhavan (antiga residência do período de domínio britânico)
- Purana Quila (cidade antiga)
- Mesquita Moti Musjid
- Arco Comemorativo da Primeira Guerra Mundial

- Outras Informações
:

http://www.ndmc.gov.in/

DADOS PRINCIPAIS

ÁREA: 3.287.782 km²
CAPITAL DA ÍNDIA: Nova Délhi
POPULAÇÃO: 1,080 bilhão (estimativa 2005)
MOEDA DA ÍNDIA: rúpia indiana
NOME OFICIAL: República da Índia (Bharat Juktarashtra).
NACIONALIDADE: indiana
DATA NACIONAL: 26 de janeiro (Proclamação da República); 15 de agosto (Independência); 2 de outubro (aniversário de Gandhi).

GEOGRAFIA DA ÍNDIA:

MAPA DA ÍNDIA
LOCALIZAÇÃO: centro-sul da Ásia
FUSO HORÁRIO: + 8 h30min em relação à Brasília
CLIMA DA ÍNDIA : clima de monção (maior parte), clima tropical, equatorial (S), árido tropical (NO), de montanha (N).
CIDADES DA ÍNDIA (PRINCIPAIS): : Mumbai (ex-Bombaim), Calcutá, Nova Délhi; Madras, Bangalore.
COMPOSIÇÃO DA POPULAÇÃO: indo-arianos 72%, drávidas 25%, mongóis e outros 3% (censo de 1996).

IDIOMAS: hindi (oficial), línguas regionais (principais: telugu, bengali, marati, tâmil, urdu, gujarati).

RELIGIÃO: hinduísmo 80,3%, islamismo 11% (sunitas 8,2%, xiitas 2,8%), cristianismo 3,8% (católicos 1,7%, protestantes 1,9%, ortodoxos 0,2%), sikhismo 2%, budismo 0,7%, jainismo 0,5%, outras 1,7% (em 1991).

DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 329 hab./km2

CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO: 1,6% ao ano (1995 a 2000)

TAXA DE ANALFABETISMO: 44,2% (censo de 2000).

RENDA PER CAPITA: US$ 3.019 (estimativa 2005).

ECONOMIA DA ÍNDIA :
Produtos Agrícolas: algodão em pluma, arroz, chá, castanha de caju, juta, café, cana-de-açúcar, legumes e verduras, trigo, especiarias, feijão.
Pecuária: bovinos, ovinos, caprinos, suínos, eqüinos, camelos, búfalos, aves.
Mineração: minério de ferro, diamante, carvão, asfalto natural, cromita.
Indústria: alimentícia, siderúrgica (ferro e aço), têxtil, química e medicamentos.



Consulado da Índia:
Av. Paulista, 925, 7o andar - Cerqueira César
São Paulo - SP - CEP 01311-100
tel. (0xx11) 3171-0340 / 3171-0341 / 3253-4290 / 3285-1773
fax (0xx11) 3171-0342

Embaixada da Índia
Tel. (061) 248-0748, fax (061) 248-7849, e-mail: indemb1@tba.com.br - Brasília, DF.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Prémios

A cerimónia dos Filmfare Awards é um dos eventos mais antigos e proeminentes no cinema hindi e é por vezes chamada de os “Oscares de Bollywood”. Os prémios Filmfare foram introduzidos em 1954, no mesmo ano que os National Film Awards. Em contraste com os National Film Awards, que são decididos por um júri nomeado pelo governo indiano, os Filmfare Awards são votados tanto pelo público como por um comité de especialistas.


Outros prémios atribuídos são:


Prémios atribuídos a filmes do sul da Índia:

Filmfare Awards South

Screen Awards for Excellence in South Indian Cinema


Prémios do cinema hindi:

International Indian Film Academy Awards – realizado em todos os anos numa cidade diferente

Bollywood Movie Awards – Realizado em Long Island nos Estados Unidos

Global Indian Film Awards

Star Screen Awards

Stardust Awards

Zee Cine Awards


Prémios do cinema bengali:

Bengal Film Journalists’ Assiciation Awards

Kalakar Awards

Anandalok Awards – distingue também alguns filmes em hindi


Prémios do cinema telugu:

CineMAA Awards

Nandi Awards

Santosham Film Awards


Prémios do cinema tamil:

Tamil Nadu State Film Awards – Atribuído pelo governo do estado do Tamil Nadu


Prémios do cinema malayam:

Kerala State Film Award – atribuído pelo governo do estado de Kerala

Asianet Film Awards

Globalização do cinema indiano

O contacto entre o cinema indiano e ocidental foi estabelecido logo nos primeiros dias do cinema na Índia. Dadasaheb Phalke resolveu fazer Raja Harishchandra depois de assitir o filme Vida de Cristo. Similarmente, muitos outros directores de cinema inspiraram-se nos filmes ocidentais.

Até ao final dos anos 20, 80% dos filmes exibidos na Índia eram americanos, apesar de existirem 21 estúdios a produzir filmes locais, com 8 ou 9 a fazê-lo numa base regular. Seriados americanos tais como Perils of Pauline e Exploits of Elaine, e filmes com cenários espetaculares tais como Quo Vadis e Caibra eram populares durante a época da Primeira Guerra Mundial. A Universal Pictures estabeleceu uma agência na Índia em 1916, que passou a dominar o sistema de distribuição de filmes. A J. F. Madan’s Elphinstone Bioscope Company inicialmente apenas distribuía filmes estrangeiros e organizava as suas projecções regulares. Além disso, J. P. Madan, um prolífico produtor, empregava directores ocidentais em muitos dos seus filmes.

Hoje também o cinema indiano tem sofrido fortes influências ocidentais. Esta tendência é mais visível em Bollywood. Alguns filmes recentes de Bollywood incluem atores ocidentais (tal como Rachel Shelley no filme Lagaan). Também existe a tentativa de alcançar os padrões de produção dos filmes ocidentais, de filmar no exterior, adoptar algumas palavras e frases inglesas nos guiões ou incorporar alguns elementos dos enredos dos filmes ocidentais. Por vezes alguns filmes indianos são até mesmo acusados de plagiar filmes de Hollywood.

Contudo o encontro entre a Índia e o Ocidente é um processo de duas vias. O público ocidental de origem indiana, está a tornar-se cada vez mais interessado na Índia, e isso faz com que o lançamento de filmes nos cinemas de vários países se torne cada vez mais importante para os produtores indianos. Nessa estratégia internacional os países mais importantes são Estados Unidos; Reino Unido; Emirados Árabes Unidos e Austrália. Ao mesmo tempo que o público ocidental do cinema indiano aumenta, os produtores ocidentais estão a financiar directores indianos tais como Gurinder Chadha (Bride and Prejudice) e Mira Nair (Monsoon Wedding). Tanto Chadcha como Nair são de origem indiana mas não vivem na Índia, e tornaram os seus nomes famosos através do cinema independente ocidental. Esta apóximação tem continuado mais recentemente com produtores ocidentais a associarem-se a produtores indianos em filmes tais como Saawariya (2007), co-produzido pela Columbia Tristar e pela indiana SLB Films, e o filme de animação Roadside Romeo (2008) co-produzido pela Walt Disney e pela indiana Yash Raj Films.

Cinema artístico

Além do cinema comercial, existe também um tipo de cinema na Índia, que aspira apenas à seriedade da arte. Este tipo de cinema é conhecido como o Novo Cinema Indiano, mas a maior parte das pessoas da Índia chama a estes filmes de "filmes de arte". Estes lidam com uma grande variedade de temas, mas a maior parte explora as complexas situações e relações humanas.

Entre os anos 60 e 90, os filmes artísticos eram subsidiados pelo governo indiano: jovens directores conseguiam apoio federal ou estatal para produzir filmes não-comerciais com temas indianos. Muitos desses directores eram formados pelo Film and Television Institute of India, uma instituição governamental. Estes filmes eram geralmente exibidos em festivais de cinema e no canal público de TV, o Doordarshan. Estes filmes também tinham uma exibição limitada em cinemas na Índia e no estrangeiro. A partir dos anos 80, o cinema artístico indiano perdeu em grande parte o patrocínio do governo. Hoje este tipo de cinema é produzido com orçamentos mínimos e usando aspirantes a atores.

Os directores do Novo Cinema Indiano tiveram mais influência do neorelismo italiano e da nouvelle vague francesa, do que das convenções do cinema indiano comercial. Os directores mais conhecidos do Novo Cinema são os bengalis Satyajit Ray, Mrinal Sen, Ritwik Ghatak e Bimal Roy. Alguns filmes bem conhecidos deste movimento incluem Apu Triology, de Ray, a Triologia de Calcutá de Sen, Megue Dhaka Tara de Ghatak e Do Bigha Zameen de Roy. Desdes Satyajit Ray tornou-se o mais bem conhecido. Os seus filmes obtiveram um consedirável reconhecimento internacional. Ele ganhou um Oscar como prémio de carreira, em 1992. O seu prestígio, contudo, não se traduziu num sucesso comercial em larga escala. Como ele, Mrinal Sen foi sobretudo um director de filmes políticos e recebeu muito reconhecimento internacional, mas também não teve muito sucesso comercial.

O cinema artístico também tem um grande apoio no estado de Kerala. Alguns grandes directores de cinema malayalam são Adoor Gopalakrishnan, G. Aravindan, T. V. Chandran, Shaji N. Karun, e M. T. Vasudevan Nair.

Desde os anos 70 que o cinema hindi tem produzido uma vaga de filmes artísticos. Entre os directores que produziram esse tipo de filmes estão Shyam Benegal, Govind Nihalani, Mani Kaul, Kumar Shahani e M. S. Sathyu.

Características dos filmes indianos

Os filmes indianos geralmente incluem muitas cenas de música e dança. Estas músicas costumam expressar emoções e paixões, que variam entre o amor, tragédia, triunfo e celebração. Nos filmes indianos costumam usar-se cantores de playback, ou sejam artistas que cantam as músicas, e os actores apenas sincronizam os seus movimentos labiais com a voz do cantor. As melodias de um filme indiano determinam em boa parte o sucesso comercial do mesmo.

Os filmes têm geralmente entre duas a três horas de duração, com intervalo. Os temas variam entre romance, comédia, acção e suspense. O conteúdo de todos os filmes é revisto por um painel de censores do Central Board of Film Certification.

Trisha Krishnan umas das atrizes mais populares da indústria cinematográfica telugu e tamil




A indústria cinematográfica telugu é baseada na capital do estado de Andhra Pradesh, Hyderabad e é a segunda maior indústria da Índia, logo depois do cinema hindi. Este estado também afirma ter o maior estúdio cinematográfico do mundo, o Ramoji Film City.

Uma importante personalidade do cinema telugu foi Y. V. Rao (1903 – 1973), que foi ator e director e dirigiu os filmes mudos Pandava Nirvana (1930), Pandava Agnathavaas (1930) e Hari Maya (1932). O primeiro filme sonoro telugu foi Bhakta Prahlada, dirigido por Hanumappa Munioppa Reddy em 1931. Nos primeiros anos dos filmes sonoros telugu, estes eram quase todos histórias mitológicas, filmadas num palco. Em 1936, Krittiventi Nageswara Rao fez o filme Premavijayam, o primeiro filme telugu não baseado em mitologia. Este filme inaugurou uma nova fase no cinema telugu, aumentando o leque de temas abordados. Alguns temas populares passaram a ser o sistema feudal zamindari (retratado no fime Raitu Bidda, 1939), a intocabilidade (abordado no filme Maala Pilla, 1938), e o casamento de viúvas.

Na indústria telugu, directores tal como Kasinaduni Viswanath, Ram Gopal Varma, Jandhyala, Krishna Vamsi e Singeetam Sreenivasa Rao alcançaram um grande sucesso nas bilheteiras produzindo filmes que misturam equilibradamente a arte e os elementos do cinema popular.

Os filmes telugu são geralmente lançados nos estados indianos de Adhra Pradesh, Karnataka, Maharastra Oriental, Orissa e em algumas partes do Bengal Ocidental. Além disso também costumam ser lançados em outros países especialmente nos Estados Unidos, Canadá, partes da Europa, África do Sul, Malásia e Singapura.

Cinema tamil (Kollywood)

A indústria cinematográfica tamil (conhecido como Kollywood), é baseada na área de Kodambakkam na cidade de Chennai e é uma das maiores indústrias da Índia. Em termos de popularidade e lucros, a indústria de cinema Tamil é a terceira, ficando atrás apenas do cinema Hindi e Telugu. Os filmes tamil têm desfrutado de uma popularidade consistente entre a população de língua tamil na Índia, Sri Lanka, Singapura, Malásia e Maurícia. Os filmes tamil também têm fama em países nos quais existem comunidades imigrantes tamil tal como nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e alguns países europeus.

Várias personalidades desta indústria conseguiram atingir fama nacional como no caso de Mani Ratnam, Selvaraghavan, A. R. Rahman, S. Shankar, Ravi K. Chandram e Jeeva. Muitas das atrizes de Bollywood fizeram a sua estreia em Kollywood, como por exemplo no caso de Aishwarya Rai que estreou no filme Iruvar, Priyanka Chopra que estreou em Thamizhan, Lara Dutta em Arasatchi e Sushmita Sen em Ratchagan. Também muitas atrizes fizeram filmes tamil enquanto lutavam pelo sucesso em Bollywood, como no caso de Kajol e da sua irmã Tanisha, assim como Amisha Patel.

A indústria cinematográfica tamil representa 1% do PIB do estado de Tamil Nadu. Os custos de produção cresceram exponencialmente de apenas 4 milhões de rupias em 1980 para 110 milhões em 2005, no caso de um típico filme recheado de estrelas. Tem também havido uma crescente presença de palavras e frases inglesas nos diálogos e músicas. Os filmes também são lançados simultaneamente em duas ou três línguas regionais (seja usando legendas ou várias faixas de áudio), e também muitos filmes costumam ser dublados em telugu e hindi.

Cinema marathi

A indústria de cinema marathi é uma das mais antigas da Índia. Originou-se em Nasik e desenvolveu-se em Kolhapur e Pune, mas recentemente mudou-se para Mumbai.

Dadasaheb Phalke, reconhecido como um dos pais do cinema indiano, foi um pioneiro dos filmes em marathi. Ele produziu o primeiro filme mudo indiano e mais tarde alguns sonoros em marathi. Em sua homenagem existe hoje um prémio muito desejado o “Prémio Dadasaheb Phalke” que é entregue anualmente em reconhecimento de alguma contribuição excepcional para ao cinema indiano.

Os anos 40 e 50 foram a época clássica do cinema marathi, principalmente devido a algumas produções marcantes da agora extinta Prabhat Film Company em Kolhapur. Como uma derivação da Prabhat, V. Shantaram fundou os Rajkamal Studios em Pune, e produziu alguns excelentes filmes marathi no final da década de 50 e início da década de 60.

Devido à ascensão do cinema hindi em Bollywood, a indústria de cinema marathi entrou em declínio nos anos 80 e 90. Mas recentemente começou a reviver com alguns filmes de qualidade como Shwaas (que ganhou a nomeação indiana oficial ao Oscar em 2004), Pak Pak Pakaak (que ganhou troféu Swarovski em Singapura, em 2005), Uttaraayan, Aga Bai, Arecchaa, Shubhamangal Saavdhaan, e Saatchya Aat Gharaat.

Cinema malayalam

A indústria de cinema malayalam, é baseada em Kerala, estado do Sul da Índia. Os filmes malayam são conhecidos pela sua natureza artística e frequentemente figuram na entrega de prémios cinematográficos nacionais. Esta indústria também é conhecida como sendo a mais conservadora da Índia, apesar de ter passado por uma fase liberal nos anos 80.

Cinema hindi (Bollywood)

Priyanka Chopra popular atriz de Bollywood




A indústria cinematográfica hindi, baseada em Mumbai (anteriormente conhecida como Bombay, ou Bombaim), é o maior ramo do cinema indiano. A indústria hindi é às vezes chamada de Bollywood (mistura de Hollywood com Bombay). A palavra Bollywood é por vezes aplicada ao cinema indiano com um todo, no entanto esta designação é incorreta, visto que se refere apenas ao cinema de língua hindi. Bollywood tem sido muito criticada pelo que é visto por alguns como uma violação dos valores culturais indianos e pela sua discussão de temas controversos. Esta é considerada a mais liberal entre as várias indústrias cinematográficas indianas.

Embora Bollywood distribua menos filmes do que algumas indústrias regionais de cinema, é a maior em termos de público. Acredita-se que os filmes de Bollywood sejam os mais vistos pela maioria dos frequentadores de cinema na Índia. Têm também um grande reconhecimento internacional, especialmente no Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Austrália onde existem grandes comunidades do sul da Ásia.

Cinema Bengali

Satyajit Ray



A história do cinema bengali vem desde a década de 90 do século XIX quando ocorreram as primeiras projecções em Calcutá. Depois de uma década, as primeiras sementes da indústria foram lançadas por Hiralal Sen, quando este fundou a Royal Bioscope Company, que produzia cenas de várias representações teatrais populares do Star Theatre, Minerva Theatre e do Classic Theatre. Muito tempo depois do trabalho de Sen, Dhirendra Nath Ganguly estabeleceu em 1918, a Indo British Film Co, a primeira produtora bengali. Contudo a primeira longa-metragem bengali, Billwamangal, foi produzido em 1919, pelo Mangal Theatre. Bilat Ferat, foi a primeira produção da IBFC, em 1921. A produção do New Theatre, o filme Dena Paona foi o primeiro filme sonoro bengali. Depois disso atravessou-se uma longa história como nomes tais como Satyajit Ray, Mrinal Sen e Ritwik Ghatak e outros que ganharam fama internacional assegurando o seu lugar na história do cinema. Hoje existem duas indústrias de cinema na língua bengali, uma em Kolkota (Calcutá), na Índia e outra menos conhecida em Dhaka, no Bangladesh (chamada de Dhallywood). A indústria de cinema bengali à muito que é centrada em Tollygunge, um distrito de Kolkata, por isso a indústria de cinema bengali também é popularmente conhecida como Tollywood, mistura das palavras Hollywood e Tollygunge.

Os filmes bengalis costumam estar entre os favoritos do júri dos Prémios Nacionais de cinema, quase todos os anos sem excepção. Algumas das personalidades mais populares do cinema bengali incluem Kishore Kumar, Mithu Chakraborty, Uttam Kumar, Soumitro Chatterjee, e mais recentemente Proshenjit. Alguns outros bengalis que foram bem sucedidos são Ashok Kumar, Bimal Roy, Aparna Sen, Shchitra Sen, Hemanta Mukherjee, Maan Dey, Sandhya Mukhopadhyay e Rituparno Ghosh.

Indústrias regionais de cinema

Um cinema em Delhi





A Índia é um país extenso onde são faladas muitas línguas. De acordo com o censo de 1991 existem cerca de 10400 línguas na Índia. Se forem agrupadas as línguas que estão fortemente relacionadas ou dialectos compreensíveis, chegaríamos a um número de 1576 línguas, ou se consolidarmos ainda mais chegaríamos ao número de 114 línguas principais. Os produtores indianos já fizeram filmes em 30 das línguas mais faladas. Contudo, apenas os maiores grupos linguísticos são apoiados por fortes indústrias cinematográficas. Estes são o hindi, tamil, telugu, bengali, marathi, kannada, e o malayam. As estatísticas oficiais categorizam os filmes indianos de acordo com a língua em que são distribuídos.

Existe um grande grau de mobilidade entre as indústrias regionais de cinema. Muitos que trabalham em indústrias regionais de cinema, assim que vêm o seu talento e popularidade estabelecidos, passam a trabalhar a nível nacional ou até mesmo internacional. Por exemplo, A. R. Rahman, um dos compositores indianos mais conhecidos do cinema indiano, começou a sua carreira no cinema tamil em Chennai mas actualmente também trabalha no cinema hindi e internacionalmente em cidades como Londres e Nova Iorque. Similarmente alguns filmes que foram bem sucedidos numa língua foram muitas vezes dublados em outras línguas ou até mesmo ganharam novas versões em outras línguas.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Hoje

Atualidade

Hoje em dia o cinema indiano, especialmente o cinema Hindi, não só é popular na Índia mas também em partes do Oriente Médio, Paquistão, Reino Unido, Austrália, Estados Unidos e em muitos outros lugares onde existem grandes comunidades indianas. Filmes como Lagaan, Salaam Bombay e Monsoon Wedding têm feito o mercado internacional reparar definitivamente que a Índia está destinada a voos maiores no que diz respeito ao cinema.

1980 - 2000

Nesta época no cinema comercial hindi, tornaram-se habituais os musicais românticos. Mr. India, Tezaab, Qayamat se Qayamat Tak, Main Pyar Kiya, Chandni, Jo Jeeta Wohi Sikander, Hum Hain Rahi Pyarke, Baazigar, Hum Apake Hai Kaun, Krantiveer, Raja, Dilwale Dulhaniya Le Jayenge, Rangeela foram alguns dos mais populares filmes hindi.

1960 - 1980

Nos anos 60 e 70, de muitos filmes com alto valor de produção. Os filmes em hindi mais populares deste período foram: Pakeeza de Kamal Amrohi, Bobby de Raj Kapoor, Kabhi Kabhi, Amar Akbar Anthony, Hum Kisise Kum Nahin, e Muqaddar ka Sikandar. O filme mais popular de todos que marcou a história do cinema indiano foi Sholay de Ramesh Sippy.

1940 - 1960

A década de 1940 até ao fim da década de 1950, viu a produção de filmes com um alto compunente de vibrantes sequências de música e dança, e são considerada por muitos como a época mais memorável da história do cinema indiano. Esta época também viu surgir uma das imagens de marca do cinema indiano as canções em playback, um canto profissional executa a música enquanto que os atores e atrizes dançam e fingem cantar a música. Lata Mangeshkar, e a sua irmã Asha Bhonsle, Muhammed Rafi, Kishore Kumar foram os cantores que dominaram a indústria de cinema hindi.

Os anos 50 foram uma época única no cinema indiano em que surgiram vários directores talentosos. Em 1953 o director de cinema bengali, Ray lançou um dos seus clássicos Pather Panchali. O seu trabalho recebeu o reconhecimento Internacional com o prémio de Melhor Documento Humano no Festival de Cannes, seguiram-se a este muitos outros prémios nacionais e internacionais.

Além de Ray, Mrinal Sen, Ritwik Ghatak e outros receberam um grande reconhecimento internacional pelos seus filmes. Eles são considerados os fundadores do Novo Cinema Indiano. Enquanto que, Satyajit Ray, Mrinal Sen, Aravindan, Ritwik Ghatak, Rituparna Ghosh estavam ser pioneiros no cinema artístico indiano, por volta de mesma época, até mesmo o cinema popular estava a abordar temas sociais, particularmente na indústria de cinema hindi, com cineastas tais como Bimal Roy, Raj Kapoor, Mehboob Khan, Guru Dutt etc. Muitos destes filmes quebraram recordes nas bilheteiras tal como no caso de Do Bigha Zamin de Bimal Roy, Mother India de Mehboob, Shree 420 e Awara de Raj Kapoor e Pyasa de Guru Dutt.

1920 - 1940

Por volta de 1920 a produção de filmes na Índia já atingia os 27 filmes anuais.Em 1931 chegam-se a uns incríveis 207 filmes anuais. Nesta época surgiram muitas novas companhias de produção e novos cineastas.

Os anos 30 trouxeram muitas mudanças à indústria cinematográfica, do ponto de vista técnico e estilístico. O fato mais importante ocorreu em 1931 quando foi lançado o primeiro filme sonoro indiano Alam Ara, do director Ardeshir Irani. Este filme foi dublado em hindi e urdu e foi um grande êxito, iniciando uma revolução no cinema indiano. O seu sucesso fenomenal levaram a muitas outras produções que incluiam diálogo, canto e dança. Também no sul da Índia a era dos filmes sonoros havia começado, com os filmes Bhakta Prahlad em telugu e Kalidass em tamil, ambos também lançados no ano de 1931.

Ao mesmo tempo a década de 1930 é também reconhecida como uma década de protesto social na história do cinema indiano. Nesta época desenvolveram-se três centros cinematográficos principais em Bombaim (Mumbai), Calcutá (Kolkata) e Madras (Chennai). Destes três, Bombaim fazia filmes com o objectivo de uma distribuição mais a nível nacional enquanto que Madras and Calcutá eram conhecidas pelos seus filmes regionais.

1910 - 1920

A primeira longa-metragem indiana foi uma narrativa de nome Pundalik, por N. G. Chitre e Dadasaheb Torne. Em 1913 foi produzido Raja Harishchandra, um filme de Dadasaheb Phalke. Phalke assistiu a uma projecção de A Vida de Cristo, no American-India Cinema e sentiu-se inspirado a fazer filmes ele mesmo. Ele estava convencido acerca da possibilidade de estabelecer uma indústria cinematográfica que focasse temas indianos. Nesse respeito ele disse: “Como a vida de Cristo, nós podemos fazer filmes sobre Rama e Krishna”. O filme seria acerca do honesto rei que em nome dos seus princípios sacrificou o seu reino e a sua família perante os deuses, que impressionados com a sua honestidade restauram a antiga glória deste rei. O filme foi um sucesso, e Phalke continuou a fazer filmes mitológicos até à chegada do cinema sonoro, época em que a sua popularidade começou a diminuir.

Em 1918 foi lançado a primeira longa-metragem do Sul da Índia Keechaka Vadham de Rangaswamy Nataraja Mudaliar. No ano seguinte ele fez o filme Draupadi Vastrapaharanam, que incluiu no elenco a atriz anglo-indiana Marian Hill no papel de Draupadi.

A introdução do cinema na Índia

1896 – 1910

O cinema foi introduzido na Índia a 7 de Julho de, 1896. Começou com a apresentação de alguns filmes dos irmãos Lumière, no Hotel Watson em Bombaim (actualmente Mumbai). No mesmo ano a Madras Photographic Strore publicitava as “fotografias animadas”. Em 1897 começaram em Bombaim projecções diárias de filmes pelo Clifton and Co.’s Meadows Street Photography Studio.

Em 1898, Hiralal Sen começou a filmar cenas de produções teatrais no Classic Theatre de Calcutá (Kolkata em bengali). Ele começou a fazer filmes como complemento de produções teatrais. Estes eram mostrados como atracções durante os intervalos das apresentações teatrais, em projecções privadas para as famílias da alta sociedade ou levados a lugares distantes onde os actores não podiam ir.

Harischandra Sakharam Bhatavdekar, conhecido como Save Dada, importou uma cine-camera de Londres pelo preço de 21 guinéus e filmou o primeiro documentário indiano sobre um encontro de luta livre nos Hanging Gardens, em Bombaim, em 1897. Em 1901, ele gravou o regresso de Ragunath P. Paranjpye, de Cambridge, que havia assegurado uma distinção em Matemática da Universidade de Cambridge, e de M. M. Bhownuggree, o que foi considerado o primeiro filme noticioso indiano. Ele também filmou o Delhi Durbar de Lord Curzon (o vice-rei da Índia), que marcou a coroação de Eduardo VII em 1903.

O potencial comercial do cinema também foi testado nesta época. O “Grand Kinetoscope Newsreels” de F. B. Thanewala foi um caso de sucesso. J. F. Madan foi outro produtor de cinema bem sucedido, que lançou vários filmes de êxito. Ele também lançou a Madan Theatres Limited, que se tornou a maior casa de produção, distribuição e exibição e o maior importador de filmes americanos depois da Primeira Guerra Mundial. Os seus filmes foram marcados por um alto grau de sofisticação técnica, facilitados pela utilização de experientes directores estrangeiros tais como Eugenio De Liguoro e Camille Legrand. Esta experiência foi complementada por grandes cenários e populares histórias mitológicas que asseguravam bons lucros.

As casas de cinema foram estabelecidas em grandes cidades indianas desta época, tal como o Novelty Cinema de Bombaim e o Elphinstone Picture Palace em Calcutá (estabelecido por J. F. Madan em 1907). À parte destes, algumas projecções cinematográficas eram organizadas em tendas. Outra forma popular de exibir filmes eram os cinemas itinerantes. Em 1904, Manek Sethna fundou a Touring Cinema Co. Em Bombaim e um ano mais tarde, Swamikannu Vincent, um projectista de vias-férreas que estabeleceu um cinema itinerante que ia até pequenas cidades e aldeias do sul da Índia.

Cinema da Índia

A indústria de cinema indiana é a maior do mundo em termos de venda de bilhetes e de número de filmes produzidos (somente em 2003 foram produzidos 877 longas metragens e 1177 curtas metragens). Os bilhetes de cinema na Índia estão entre os mais baratos do mundo. A indústria é sobretudo suportada por um vasto público. Em cada 3 meses um público tão grande quanto a população Índia visita as salas de cinema. Os filmes indianos são populares em várias partes do mundo, especialmente em países com comunidades indianas de tamanho significativo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Religiões da Índia


A estátua de Shiva perto do Aeroporto Internacional Indira Gandhi, Delhi



As religiões da Índia, também chamadas de religiões dármicas, são as tradições religiosas relacionadas que se originaram no subcontinente indiano[1], nomeadamente hinduísmo, jainismo, Budismo e Sikhismo, inclusive de seus derivados e várias outras tradições relacionadas. Eles formam o subgrupo da classe maior das "filosofias orientais". Religiões indianas tem similaridades em credos, modos de adoração, e práticas associadas, principalmente devido à sua história comum de origem e influência mútua.


A Bandeira Nacional da Índia foi adotada durante uma reunião ad hoc da Assembleia Constituinte realizada em 22 de Julho de 1947, vinte e dois dias antes da independência indiana do Reino Unido em 15 de Agosto de 1947. Ela foi usada como bandeira nacional do Domínio da Índia entre 15 de Agosto de 1947 e 26 de Janeiro de 1950 e, logo após, da República da Índia.[1] Na Índia, o termo "tricolor" [Tirangā – तिरंगा (em hindi)] quase sempre é utilizado para se referir à sua bandeira nacional.

A bandeira nacional, adotada em 1947, é baseada na bandeira do Congresso Nacional Indiano, desenhada por Pingali Venkayya. A bandeira é um "escuro açafrão" no topo, branco no meio e verde em baixo horizontal tricolor. No centro, existe uma roda azul-marinho com vinte e quatro raios, conhecido como o Ashoka Chakra, extraído do Capitel do Leão de Ashoka (അശോകസ്തംഭം, em hindi) erguido em cima do Pilar de Ashoka em Sarnath. O diâmetro desse Chakra é três-quartos da altura da faixa branca. A relação da largura da bandeira para o seu comprimento é 2:3.[2] A bandeira é também a bandeira de guerra do exército da Índia, içada diariamente em instalações militares.

As especificações da bandeira oficial exigem que a bandeira seja confeccionada apenas de "Khādī", um tipo especial de pano feito a mão que ficou popular porque o líder Mahatma Gandhi a usava. A exibição e a utilização da bandeira são estritamente impostas pelo Código da Bandeira da Índia.[2] Uma descrição heráldica da bandeira deve ser Partida por um fess de Açafrão e Vert em uma fess Argent e um Azure de "Chakra". [3]

História

Pré-1956

O subcontinente indiano foi governado por uma multiplicidade de grupos étnicos ao longo de sua história, e cada um deles impunha a sua própria divisão administrativa. A atual subdivisão da Índia começou a tomar forma ainda durante o regime colonial britânico. A Índia britânica chegou a incluir todo o atual território indiano e os modernos Paquistão e Bangladesh, além de protetorados no Nepal, Afeganistão e Birmânia (atual Mianmá). Naquele período histórico, as diversas regiões da Índia eram governadas pelos britânicos diretamente ou por meio de rajás locais. A independência, em 1947, preservou em grande medida as divisões existentes, com exceção de áreas como o Punjabe, que foram partilhadas entre a Índia e o Paquistão. Um dos primeiros desafios do novo país foi integrar o grande número de estados principescos à união.

Verificou-se após a independência um período de instabilidade, já que muitos dos estados haviam sido criados arbitrariamente pelos britânicos para atender a seus interesses coloniais e não refletiam, necessariamente, a vasta diversidade étnica do subcontinente. As tensões étnicas levaram o parlamento indiano a reorganizar o país segundo critérios étnicos e lingüísticos em 1956.
Pós-1956

Em 1962, as antigas colônias francesas e portuguesas foram incorporadas à República da Índia na forma dos territórios federais de Pondicherry, Dadrá, Nagar Haveli, Goa, Damão, e Diu.

Muitos estados e territórios novos foram criados a partir dos estados existentes em 1956. O estado de Bombaim foi dividido, por critérios lingüísticos, nos novos estados de Guzerate e Maharashtra em 1º de maio de 1960. Em 1966, o estado do Punjabe foi dividido conforme critérios lingüísticos e religiosos de modo a criar o estado de Haryana (hindu e de fala híndi), a transferir os distritos setentrionais do Punjabe para o estado de Himachal Pradesh e a definir a cidade de Chandigarh (um território federal) como a capital compartilhada dos estados do Punjabe e de Haryana. Nagaland tornou-se um estado em 1962, Meghalaya e Himachal Pradesh, em 1971, e Tripura e Manipur, em 1972. Naquele ano, Arunachal Pradesh tornou-se um território federal. O Reino do Siquim foi anexado à Índia como um estado em 1975. Mizoram tornou-se um estado em 1986, e Goa e Arunachal Pradesh, em 1987; os enclaves goenses de Damão e Diu tornaram-se um território federal separado. Em 2000, criaram-se três novos estados: Jharkhand (a partir dos distritos meridionais de Bihar), Chhattisgarh (a partir do leste de Madhya Pradesh) e Uttarakhand (a partir do noroeste de Uttar Pradesh). Os territórios federais de Deli e de Pondicherry receberam o direito de eleger seus próprios legislativos.

Subdivisões da Índia



A Índia está subdividida em 28 estados, seis territórios federais e ainda o Território da Capital Nacional.

Estados:

1. Andhra Pradesh
2. Arunachal Pradesh
3. Assam
4. Bihar
5. Chhattisgarh
6. Goa
7. Guzerate
8. Haryana
9. Himachal Pradesh
10. Jammu e Caxemira
11. Jharkhand
12. Karnataka
13. Kerala
14. Madhya Pradesh
15. Maharashtra
16. Manipur
17. Meghalaya
18. Mizoram
19. Nagaland
20. Orissa
21. Punjabe
22. Rajastão
23. Siquim
24. Tâmil Nadu
25. Tripura
26. Uttar Pradesh
27. Uttarakhand
28. Bengala Ocidental



Territórios federais:

1. Ilhas Andamão e Nicobar
2. Chandigarh
3. Dadrá e Nagar-Aveli
4. Damão e Diu
5. Laquedivas
6. Território da Capital Nacional de Deli
7. Pondicherry

terça-feira, 19 de maio de 2009

Etimologia

O nome Índia é derivado de Indus, que é derivado da palavra Hindu, em persa antigo. Do sânscrito Sindhu, a denominação local histórica para o rio Indus[11]. Os gregos clássicos referiam-se aos indianos como Indoi (Ινδοί), povos do Indus[12]. A constituição da Índia e o uso comum em várias línguas indianas igualmente reconhecem Bharat como um nome oficial de igual status[13]. Hindustão (ou Indostão), que é a palavra persa para a “terra do Hindus” e historicamente referida ao norte da Índia, é também usada ocasionalmente como um sinônimo para toda a Índia[14].Capital Nova Deli
Cidade mais populosa Bombaim
Língua oficial Hindi, inglês
e mais 21 línguas nacionais.
Governo República federal[4]
Democracia parlamentar[5]
- Presidente Pratibha Patil
- Primeiro-Ministro Manmohan Singh
Independência
- Declarada 15 de agosto do 1947
- República 26 de janeiro de 1950
Área
- Total 3,287,590 km² (7º)
- Água (%) 9,56
População
- Estimativa de 2008 1,132,446,000[4] hab. (2º)
- Censo 2001 1,027,015,248
- Densidade 329 hab./km² (º)
PIB (base PPC) Estimativa de 2007
- Total US$2,965 trilhões[6] USD (4º)
- Per capita US$2.563[6] USD (165º)
Indicadores sociais
- IDH (2005) 0,619 (128º) – médio
- Esper. de vida 64,7 anos (139º)
- Mort. infantil 34,61/mil nasc. (74º)
- Alfabetização 61,0% (144º)
Moeda Rupia indiana (₨) (INR)
Fuso horário IST (UTC+5:30)
Org. internacionais ONU (OMC),
Cód. Internet .in
Cód. telef. +91
Website governamental india.gov.in

UM POUCO SOBRE A Índia

A Índia (em hindi भारत, transl. Bharat; em inglês India), é um país federal asiático que ocupa a maior parte do subcontinente indiano e ainda as ilhas Laquedivas e Andamão e Nicobar. Limita ao norte com a República Popular da China, o Nepal e o Butão, a leste com Mianmar, ao sul e a leste com o Bangladesh e a Baía de Bengala, ao sul com o Estreito de Palk, defronte a ilha do Ceilão (Sri Lanka), com o oceano Índico e o mar das Laquedivas, a oeste com o mar Arábico e a oeste e norte com o Paquistão. Sua costa litorânea atinge 7.517 km[7]. É o segundo país mais populoso do mundo (depois da China), com mais de um bilhão de habitantes, e o sétimo maior por área. O nome oficial do país é República da Índia, e sua capital é Nova Délhi.

Berço da Civilização do Vale do Indo e uma região de rotas de comércio históricas e de impérios vastos, o subcontinente indiano foi identificado com sua riqueza comercial e cultural durante grande parte de sua longa história[8]. Quatro das principais religiões do mundo, hinduísmo, budismo, jainismo e sikhismo originaram-se lá, enquanto o zoroastrismo, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo chegaram no primeiro milênio da era cristã e deram forma à diversidade cultural da região. Anexada gradualmente pela Companhia das Índias Orientais Britânica desde o início do século XVIII e colonizada pelo Reino Unido desde os meados do século XIX, a Índia tornou-se uma nação moderna em 1947 após um esforço para a independência que foi marcada pela difundida resistência não-violenta.

A Índia é uma república parlamentar que consiste em 28 estados e em 7 territórios federais. Tem a décima segunda maior economia do mundo em termos de taxas de câmbio de mercado e a quarta maior em poder de compra. As reformas econômicas transformaram-na na segunda grande economia de mais rápido crescimento[9]; entretanto, ainda sofre de altos níveis da pobreza[10], analfabetismo, e má nutrição. Uma sociedade pluralista, multilingue, e multi-étnica, a Índia é igualmente o berço de uma diversidade de animais selvagens em uma variedade de habitat protegidos.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Mahatma Gandhi (1869 – 1948)





Mahatma Gandhi (1869 – 1948)
da Tradição




Temos no mundo duas grandes Tradições esotéricas: a Ocidental que remonta às Escolas de Mistério do Antigo Egito e da Caldéia. Dela nutriram-se várias gerações de nossos dirigentes espirituais e nossa Tradição sempre foi mantida secreta ou, de alguma forma sob o controle de determinados grupos sociais, contra outros que poderiam destruí-lo intencionalmente (como os mais altos funcionários das religiões constituídas, particularmente judaísmo, cristianismo e islamismo) ou por ignorância (como todos aqueles a quem a Tradição representava complicação exageradamente distante de sua lida cotidiana). Segundo desejam alguns, dentre os quais destaca-se Platão, esta Tradição remonta mais remotamente ainda à Atlântida, cuja existência empírica jamais foi conclusivamente comprovada ou definitivamente descartada.

A Tradição Oriental se apresenta de maneira distinta principalmente na China, no Tibete, no Japão e na Índia. Ali não parece ter ocorrido tão severa cisão entre a religião e a Tradição, de maneira que as próprias religiões constituídas se transformaram em importantes veículos de transmissão da Tradição. Enquanto no Ocidente se tinha de enfrentar perseguições as mais diversas à Tradição, no Oriente, por suas peculiaridades, esta foi intensamente difundida e popularizada. Ali a Tradição protege-se a si mesma em sua complexidade e fascina a quantos dela se aproximam. Também segundo alguns aquela Tradição reverbera a de um outro Continente Perdido no Oceano Pacífico: a Lemúria, de existência tão provável ou improvável quanto a Atlântida e datação, portanto, tão complexa quanto sua similar ocidental.

Embora aparente, não há divergência de fundo entre as Tradições do Ocidente e do Oriente, o que foi provado pelas descobertas sensacionais de gente do quilate de Fritjof Capra e Joseph Campell. Mera questão de escolha pessoal, de afinidade eletiva, identifico-me com a Tradição de minha gente, de meu povo, do mundo e da civilização em que nasci e me criei. Sempre com enorme respeito pela Tradição Ocidental e buscando preservar a forma como a nossa Tradição se encaminha há milênios.

Faço este preâmbulo por ser necessário pontuar o quanto Mohandas Gandhi foi movido pela Tradição de seu povo. Poucos seres humanos incorporaram tão profundamente a Tradição e a alma de sua gente como Gandhi. Este o principal motivo que leva seus biógrafos a sempre fazerem reiteradas referências à Tradição Oriental e, frequentemente, converter-se a ela, por ser mesmo fascinante.


A luta pela libertação da Índia

Em 1914 regressa à Índia em definitivo e dá início à sua luta pela independência da dominação britânica que já dura quase 3 séculos e, com igual vigor, pela Tradição de sua gente, em grande medida contaminada e fragilizada diante da infecção capitalista.

Como líder político e espiritual da Índia soube utilizar-se engenhosamente de toda a Tradição para reerguer o orgulho de sua gente, abalado pela dominação e deu muito que pensar àqueles que se consideravam “superiores” e por isso dominavam. Este sempre foi e segue sendo o discurso do dominador: uma pretensa “superioridade” que, ao fim e ao cabo demonstra-se circunscrever ao campo da belicosidade e ponto final. Gandhi centra sua luta na busca de demonstrar a superioridade moral dos hindus sobre seus dominadores britânicos e, assim, reaviva a mente de seus conterrâneos quanto a 2 ensinamentos, tão antigos quanto o hinduísmo: A-HIMSA – Não violência ou, como Gandhi preferia dizer, “Persistência pela Verdade” e SATIAGRAHA – Viver em santidade.

Tomemos a não violência. Gandhi pregava a resistência pacífica (não confundir com passiva; a não violência deve ser ativa e provocativa!). Não concordar em se submeter ao mal e estar disposto a dar até a vida se necessário for, para provar que está do lado do que é justo, bom e correto. Foi assim que, de demonstração maciça em demonstração maciça, o Império Britânico comprovou muitas vezes a superioridade moral daquele povo oprimido e dominado.

A famosa “Marcha para o Sal” foi um ponto de inflexão decisivo. Os Hindus, moradores da região banhada pelo Oceano não por acaso chamado de Índico, eram proibidos de produzir sal. O sal utilizado no cotidiano de todas as famílias tinha o fluxo, a produção e a circulação, monopolizadas pelos britânicos. Gandhi ensina os hindus a desobedecerem a esta sandice. Do centro da Índia, em 1930, faz saber ao Primeiro Ministro Britânico que se dirigiria ao mar para produzir sal num gesto de desobediência civil, ativa, provocativa e contudo pacífica. Foi acompanhado de um pequeno grupo e a este se foram agregando cada vez mais significativas massas humanas. Ao fim, a história registra que milhares de pessoas andaram mais de 320 Km a pé. Este contingente imenso de seres humanos chega à praia e começa a fazer sal. Qual o problema? O povo da Índia vai à praia banhada pelo Oceano Índico fazer sal para o seu consumo. O que têm os britânicos a ver com isso?

O controle do sal estava na raiz do controle de toda a economia hindu pelos britânicos. Tão logo Gandhi começa a fazer sal e ser imitado a dominação é colocada em xeque. Os ingleses já não controlam os indianos. Estes estão prestes a tomar seu destino em suas próprias mãos.

Outros fatores contribuem para a emancipação do povo hindu de maneira diferente daquela desejada por Gandhi que, mais de uma vez, fez um “jejum até a morte” para protestar contra a dominação britânica e pedir paz a seu povo. Em momentos considerados cruciais para a economia britânica Gandhi convocava o povo a “jornadas de jejum e meditação” – na prática ninguém trabalhava, mas Gandhi jamais falava ou mesmo pensava na palavra “greve”. A expressão apropriada dentro da Tradição hindu para o que se estava fazendo era “Jornada de jejum e meditação”.

Um Exemplo
Admirado por aliados e adversários, foi chamado pelo Primeiro Ministro Britânico Winston Churchill de “faquir despido”. A questão que marca é: um faquir despido, que se alimenta com uma côdea de arroz e uma tirina d’água por dia e se veste com uma peça de tecido feita por ele mesmo e que muito se assemelha a uma fralda, um homem com tal forma de comportamento e hábitos espartanos pode ser suspeito de corrupção? Alguém presumiria estar ele lutando por algo diferente do que diz?

Albert Einstein o saudou como “porta-voz da humanidade”.

Quando o armamento mais sofisticado está nas mãos do adversário, que domina, a resistência pacífica, fundada na resistência e persistência pela Verdade é o encaminhamento mais eficiente. Impossível ao hindu derrotar o dominador britânico através de guerrilhas ou luta armada. Por outro lado, utilizando a Verdade como arma seu poderio é inquestionável!

Encaminhar o processo político a partir de um resgate profundo do que de mais sincero, bonito e duradouro existe na Tradição e na Alma de seu povo, esta é uma das lições que nos deixa Mahatma Gandhi.



Pensamentos de Mahatma Gandhi






1

O desejo sincero e profundo do coração é sempre realizado; em minha própria vida tenho sempre verificado a certeza disto.



2

Creio poder afirmar, sem arrogância e com a devida humildade, que a minha mensagem e os meus métodos são válidos, em sua essência, para todo o mundo.



3

Acho que vai certo método através das minhas incoerências. Creio que há uma coerência que passa por todas as minhas incoerências assim como há na natureza uma unidade que permeia as aparentes diversidades.



4

As enfermidades são os resultados não só dos nossos atos como também dos nossos pensamentos.



5

Satyagraha - a força do espírito - não depende do número; depende do grau de firmeza.



6

Satyagraha e Ahimsa são como duas faces da mesma medalha, ou melhor, como as duas cades de um pequeno disco de metal liso e sem incisões. Quem poderá dizer qual é a certa? A não-violência é o meio. A Verdade, o fim.



7

A minha vida é um Todo indivisível, e todos os meus atos convergem uns nos outros; e todos eles nascem do insaciável amor que tenho para com toda a humanidade.



8

Uma coisa lançou profundas raízes em mim: a convicção de que a moral é o fundamento das coisas, e a verdade, a substância de qualquer moral. A verdade tornou-se meu único objetivo. Ganhou importância a cada dia. E também a minha definição dela se foi constantemente ampliando.



9

Minha devoção à verdade empurrou-me para a política; e posso dizer, sem a mínima hesitação, e também com toda a humildade que, não entendem nada de religião aqueles que afirmam que ela nada tem a ver com a política.



10

A minha preocupação não está em ser coerente com as minhas afirmações anteriores sobre determinado problema, mas em ser coerente com a verdade.



11

O erro não se torna verdade por se difundir e multiplicar facilmente. Do mesmo modo a verdade não se torna erro pelo f ato de ninguém a ver.



12

O amor é a força mais abstrata, e também a mais potente, que há no mundo.



13

O Amor e a verdade estão tão unidos entre si que é praticamente impossível separá-los. São como duas faces da mesma medalha.



14

O ahimsa (amor) não é somente um estado negativo que consiste em não fazer o mal, mas também um estado positivo que consiste em amar, em fazer o bem a todos, inclusive a quem faz o mal.



15

O ahimsa não é coisa tão fácil. É mais fácil dançar sobre uma corda que sobre o fio da ahimsa.



16

Só podemos vencer o adversário com o amor, nunca com o ódio.



17

A única maneira de castigar quem se ama é sofrer em seu lugar.



18

É o sofrimento, e só o sofrimento, que abre no homem a compreensão interior.



19

Unir a mais firme resistência ao mal com a maior benevolência para com o malfeitor. Não existe outro modo de purificar o mundo.



20

A minha natural inclinação para cuidar dos doentes transformou-se aos poucos em paixão; a tal ponto que muitas vezes fui obrigado a descuidar o meu trabalho. . .



21

A não-violência é a mais alta qualidade de oração. A riqueza não pode consegui-Ia, a cólera foge dela, o orgulho devora-a, a gula e a luxúria ofuscam-na, a mentira a esvazia, toda a pressão não justificada a compromete.



22

Não-violência não quer dizer renúncia a toda forma de luta contra o mal. Pelo contrário. A não-violência, pelo menos como eu a concebo, é uma luta ainda mais ativa e real que a própria lei do talião - mas em plano moral.



23

A não-violência não pode ser definida como um método passivo ou inativo. É um movimento bem mais ativo que outros e exige o uso das armas. A verdade e a não-violência são, talvez, as forças mais ativas de que o mundo dispõe.



24

Para tornar-se verdadeira força, a não-violência deve nascer do espírito.



25

Creio que a não-violência é infinitamente superior à violência, e que o perdão é bem mais viril que o castigo...



26

A não-violência, em sua concepção dinâmica, significa sofrimento consciente. Não quer absolutamente dizer submissão humilde à vontade do malfeitor, mas um empenho, com todo o ânimo, contra o tirano. Assim um só indivíduo, tendo como base esta lei, pode desafiar os poderes de um império injusto para salvar a própria honra, a própria religião, a própria alma e adiantar as premissas para a queda e a regeneração daquele mesmo império.



27

O método da não-violência pode parecer demorado, muito demorado, mas eu estou convencido de que é o mais rápido.



28

Após meio século de experiência, sei que a humanidade não pode ser libertada senão pela não-violência. Se bem entendi, é esta a lição central do cristianismo.



29

Só se adquire perfeita saúde vivendo na obediência às leis da Natureza. A verdadeira felicidade é impossível sem verdadeira saúde, e a verdadeira saúde é impossível sem rigoroso controle da gula. Todos os demais sentidos estarão automaticamente sujeitos a controle quando a gula estiver sob controle. Aquele que domina os próprios sentidos conquistou o mundo inteiro e tornou-se parte harmoniosa da natureza.





30

A civilização, no sentido real da palavra, não consiste na multiplicação, mas na vontade de espontânea limitação das necessidades. Só essa espontânea limitação acarreta a felicidade e a verdadeira satisfação. E aumenta a capacidade de servir.



31

É injusto e imoral tentar fugir às conseqüências dos próprios atos. É justo que a pessoa que come em demasia se sinta mal ou jejue. É injusto que quem cede aos próprios apetites fuja às conseqüências tomando tônicos ou outros remédios. É ainda mais injusto que uma pessoa ceda às próprias paixões animalescas e fuja às conseqüências dos próprios atos.

A Natureza é inexorável, e vingar-se-á completamente de uma tal violação de suas leis.



32

Aprendi, graças a uma amarga experiência, a única suprema lição: controlar a ira. E do mesmo modo que o calor conservado se transforma em energia, assim a nossa ira controlada pode transformar-se em uma função capaz de mover o mundo. Não é que eu não me ire ou perca o controle. O que eu não dou é campo à ira. Cultivo a paciência e a mansidão e, de uma maneira geral, consigo. Mas quando a ira me assalta, limito-me a controlá-la. Como consigo? É um hábito que cada um deve adquirir e cultivar com uma prática assídua.



33

O silêncio já se tornou para mim uma necessidade física espiritual. Inicialmente escolhi-o para aliviar-me da depressão. A seguir precisei de tempo para escrever. Após havê-lo praticado por certo tempo descobri, todavia, seu valor espiritual. E de repente dei conta de que eram esses momentos em que melhor podia comunicar-me com Deus. Agora sinto-me como se tivesse sido feito para o silêncio.



34

Aqueles que têm um grande autocontrole, ou que estão totalmente absortos no trabalho, falam pouco. Palavra e ação juntas não andam bem. Repare na natureza: trabalha continuamente, mas em silêncio.



35

Aquele que não é capaz de governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros.



36

Quem sabe concentrar-se numa coisa e insistir nela como único objetivo, obtém, ao cabo, a capacidade de fazer qualquer coisa.



37

A verdadeira educação consiste em pôr a descoberto ou fazer atualizar o melhor de uma pessoa. Que livro melhor que o livro da humanidade?



38

Não quero que minha casa seja cercada por muros de todos os lados e que as minhas janelas esteja tapadas. Quero que as culturas de todos os povos andem pela minha casa com o máximo de liberdade possível.



39

Nada mais longe do meu pensamento que a idéia de fechar-me e erguer barreiras. Mas afirmo, com todo respeito, que o apreço pelas demais culturas pode convenientementemente seguir, e nunca anteceder, o apreço e a assimilação da nossa. (...) Um aprendizado acadêmico, não baseado na prática, é como um cadáver embalsamado, talvez para ser visto, mas que não inspira nem nobilita nada. A minha religião proíbe-me de diminuir ou desprezar as outras culturas, e insiste, sob pena de suicídio civil, na necessidade de assimilar e viver a vida.



40

Ler e escrever, de per si, não são educação. Eu iniciaria a educação da criança, portanto, ensinando-lhe um trabalho manual útil, e colocando-a em grau de produzir desde o momento em que começa sua educação. Desse modo todas as escolas poderiam tornar-se auto-suficientes, com a condição de o Estado comprar os manufaturados.

Acredito que um tal sistema educativo permitira o mais alto desenvolvimento da mente e da alma. É preciso, porém, que o trabalho manual não seja ensinado apenas mecanicamente, como se faz hoje, mas cientificamente, isto é, a criança deveria saber o porquê e o como de cada operação.

Os olhos, os ouvidos e a língua vêm antes da mão. Ler vem antes de escrever e desenhar antes de traçar as letras do alfabeto.

Se seguirmos este método, a compreensão das crianças terá oportunidade de se desenvolver melhor do que quando é freada iniciando a instrução pelo alfabeto.



41

Odeio o privilégio e o monopólio. Para mim, tudo o que não pode ser dividido com as multidões é "tabu".



42

A desobediência civil é um direito intrínseco do cidadão. Não ouse renunciar, se não quer deixar de ser homem. A desobediência civil nunca é seguida pela anarquia. Só a desobediência criminal com a força. Reprimir a desobediência civil é tentar encarcerar a consciência.



43

Todo aquele que possui coisas de que não precisa é um ladrão.



44

Quem busca a verdade, quem obedece a lei do amor, não pode estar preocupado com o amanhã.



45

As divergências de opinião não devem significar hostilidade. Se fosse assim, minha mulher e eu deveríamos ser inimigos figadais. Não conheço duas pessoas no mundo que não tenham tido divergências de opinião. Como seguidor da Gita (Bhagavad Gita), sempre procurei nutrir pelos que discordam de mim o mesmo afeto que nutro pelos que me são mais queridos e vizinhos.



46

Continuarei confessando os erros cometidos. O único tirano que aceito neste mundo é a "silenciosa e pequena voz" dentro de mim. Embora tenha que enfrentar a perspectiva de formar minoria de um só, creio humildemente que tenho coragem de encontrar-me numa minoria tão desesperadora.



47

Nas questões de consciência a lei da maioria não conta.



48

Estou firmemente convencido que só se perde a liberdade por culpa da própria fraqueza.



49

Acredito na essencial unidade do homem, e, portanto na unidade de tudo o que vive. Por conseguinte, se um homem progredir espiritualmente, o mundo inteiro progride com ele, e se um homem cai, o mundo inteiro cai em igual medida.



50

Minha missão não se esgota na fraternidade entre os indianos. A minha missão não está simplesmente na libertação da Índia, embora ela absorva, em prática, toda a minha vida e todo o meu tempo. Por meio da libertação da Índia espero atuar e desenvolver a missão da fraternidade dos homens.

O meu patriotismo não é exclusivo. Engloba tudo. Eu repudiaria o patriotismo que procurasse apoio na miséria ou na exploração de outras nações. O patriotismo que eu concebo não vale nada se não se conciliar sempre, sem exceções, com o maior bem e a paz de toda a humanidade.



51

A mulher deve deixar de se considerar o objeto da concupiscência do homem. O remédio está em suas mãos mais que nas mãos do homem.



52

Uma vida sem religião é como um barco sem leme.



53

A fé – um sexto sentido – transcende o intelecto sem contradizê-lo.



54

A minha fé, nas densas trevas, resplandece mais viva.



55

Somente podemos sentir deus destacando-nos dos sentidos.



56

O que eu quero alcançar, o ideal que sempre almejei com sofreguidão (...) é conseguir o meu pleno desenvolvimento, ver Deus face-a-face, conseguir a libertação do Eu.



57

Orar não é pedir. Orar é a respiração da alma.



58

A oração salvou-me a vida. Sem a oração teria ficado muito tempo sem fé. Ela salvou-me do desespero. Com o tempo a minha fé aumentou e a necessidade de orar tornou-se mais irresistível... A minha paz muitas vezes causa inveja. Ela vem-me da oração. Eu sou um homem de oração. Como o corpo se não for lavado fica sujo, assim a alma sem oração se torna impura.



59

O Jejum é a oração mais dolorosa e também a mais sincera e compensadora.





60

O Jejum é uma arma potente. Nem todos podem usá-la. Simples resistência física não significa aptidão para jejum. O Jejum não tem absolutamente sentido sem fé em Deus.



61

Para mim nada mais purificador e fortificante que um jejum.



62

Os meus adversários serão obrigados a reconhecer que tenho razão. A verdade triunfará. . . Até agora todos os meus jejuns foram maravilhosos: não digo em sentido material, mas por aquilo que acontece dentro de mim. É uma paz celestial.



63

Jejum para purificar a si mesmo e aos outros é uma antiga regra que durará enquanto o homem acreditar em Deus.



64

Tenho profunda fé no método de jejum particular e público. . . Sofrer mesmo até a morte, e, portanto mesmo mediante um jejum perpétuo, e a arma extrema do satyagrahi. É o último dever que podemos cumprir. O Jejum faz parte de meu ser, como acontece, em maior ou menor escala, com todos os que procuraram a verdade. Eu estou fazendo uma experiência de ahimsa em vasta escala, uma experiência talvez até hoje desconhecida pela história.



65

Quem quer levar uma vida pura deve estar sempre pronto para o sacrifício.



66

O dever do sacrifício não nos obriga a abandonar o mundo e a retirar-nos para uma floresta, e sim a estar sempre prontos a sacrificar-nos pelos outros.



67

Quem venceu o medo da morte venceu todos os outros medos.



68

Os louvores do mundo não me agradam; pelo contrário, muitas vezes me entristecem.



69

Quando ouço gritar Mahatma Gandhi Ki jai, cada som desta frase me transpassa o coração como se fosse uma flecha. Se pensasse, embora por um só instante, que tais gritos podem merecer-me o swaraj; conseguiria aceitar o meu sofrimento. Mas quando constato que as pessoas perdem tempo e gastam energias em aclamações vãs, e passam ao longo quando se trata de trabalho, gostaria que, em vez de gritarem meu nome, me acendessem uma pira fúnebre, na qual eu pudesse subir para apagar uma vez por todas o fogo que arde o coração.



70

Uma civilização é julgada pelo tratamento que dispensa às minorias.



71

Sei por experiência que a castidade é fácil para quem é senhor de si mesmo.



72

O brahmacharya é o controle dos sentidos no pensamento, nas palavras, e na ação. . . O que a ele aspira não deixará nunca de ter consciência de suas faltas, não deixará nunca de perseguir as paixões que se aninham ainda nos ângulos escuros de seu coração, e lutará sem trégua pela total libertação.



73

O brahmacharya, como todas as outras regras, deve ser observado nos pensamentos, nas palavras e nas ações. Lemos na Gita e a experiência confirma-no-lo todos os dias que quem domina o próprio corpo, mas alimenta maus pensamentos faz um esforço vão. Quando o espírito se dispersa, o corpo inteiro, cedo ou tarde, o segue na perdição.



74

Por vezes pensa-se que e muito difícil, ou quase impossível conservar castidade. O motivo desta falsa opinião e que freqüentemente, a palavra castidade é entendida em sentido limitado demais.

Pensa-se que a castidade é o domínio das paixões animalescas. Esta idéia de castidade é incompleta e falsa.



75

Vivo pela libertação da índia e morreria por ela, pois e parte da verdade.

Só uma Índia livre pode adorar o Deus verdadeiro. Trabalho pela libertação da Índia porque o meu Swadeshi me ensina que, tendo nascido e herdado sua cultura, sou mais apto a servir à Índia e ela tem prioridade de direitos aos meus serviços. Mas o meu patriotismo não é exclusivo; não tem por meta apenas não fazer mal a ninguém, mas fazer bem a todos no verdadeiro sentido da palavra. A libertação da Índia, como eu a concebo, não poderá nunca constituir ameaça para o mundo.



76

Possuo a não-violência do corajoso? Só a morte dirá. Se me matarem e eu com uma oração nos lábios pelo meu assassino e com o pensamento em Deus, ciente da sua presença viva no santuário do meu coração, então, e só então, poder-se-á dizer que possuo a não-violência do corajoso.



77

Não desejo morrer pela paralisação progressiva das minhas faculdades, corno um homem vencido. A bala de meu assassino poderia pôr fim à minha vida. Acolhê-la-ia com alegria.



78

A regra de ouro consiste em sermos amigos do mundo e em considerarmos como uma toda a família humana. Quem faz distinção entre os fiéis da própria religião e os de outra, deseduca os membros da sua religião e abre caminho para o abandono, a irreligião.



79

A força de um homem e de um povo está na não-violência. Experimentem.