sábado, 30 de maio de 2009

O Hinduísmo e os Dalits -



O Hinduísmo é a principal religião da Índia, professada por mais de 80% dos indianos.

Sua importância é tamanha, que se usa o termo “hindu” (seguidor do hinduísmo) com o mesmo significado de “indiano”.

É uma mistura de vários tipos de crenças com diversos estilos de vida, originárias das várias tradições étnicas que habitam esse país. É conhecida há mais de 3.000 anos a.C., e não possui fundador. Seus livros sagrados são os Vedas e os Upanishads.

Hoje, ocupa o patamar da terceira maior religião do mundo (depois do Cristianismo e do Islamismo), em relação ao número de seguidores. Está disseminada principalmente pela Índia, Nepal, Paquistão, Sri Lanka e Indonésia.
Fundamentos básicos do Hinduísmo:

1- cada pessoa possui um espírito (atman), que é uma força perene e indestrutível. Sua trajetória depende das ações de cada um, de acordo com a Lei do Carma, onde a toda ação corresponde uma reação;

2- até atingir a libertação final (moksha), o indivíduo passa continuamente por mortes e renascimentos, cujo ciclo é chamado de Roda de Samsara, da qual só sai após atingir a Iluminação;

3- os rituais compõem-se de dois elementos principais: Darshan, que é a meditação/ contemplação da divindade, e o Puja (oferenda);

4- a alimentação vegetariana é um de seus pontos principais, pois é livre da impureza (morte/sangue), e como todo alimento deve ser antes oferecido aos deuses, não se pode ofertar algo que seja “sujo”;

5- o mais importante mantra é o OM, (sílaba sagrada) que representa o próprio nome de Deus, sendo a semente de todos os mantras e o princípio da criação e dele derivou toda a matéria.

As preces são entoadas como cânticos no idioma sânscrito (língua morta), que deu origem ao hindi e a um grande número de dialetos praticados na Índia. Recebem o nome de mantras, que são dirigidos a diversas divindades, ou estimulam qualidades pessoais. Em geral, são entoados 108 vezes e, para sua contagem é utilizado o japa-mala (colar de contas), confeccionado em sândalo ou com sementes de rudraksha (árvores consideradas de bom augúrio).

O Hinduísmo vê o nascimento de um indivíduo dentro de uma determinada casta, como resultante de um Carma que ele está a cumprir, pelo que fez nas vidas anteriores.

Quanto mais se sobe na hierarquia das castas, maiores responsabilidades a crente passa a ter.
As castas são as seguintes:

* Brâmanes - é a casta superior, composta por filósofos e educadores, que tem uma vida dedicada aos estudos e obrigações sociais;
* Kshatriya – casta composta por administradores e soldados;
* Vaishya – casta composta por comerciantes e pastores;
* Sudras , casta composta por artesãos e trabalhadores braçais.

Os Intocáveis ou Dalits não fazem parte de nenhuma casta, cabendo a eles os serviços considerados sujos, pela cultura indiana.

Antigamente, o sistema de castas era seguido como lei, mas depois que Mahatma Gandhi contestou-o, em nome dos direitos humanos, a mobilidade social começou a dar alguns frágeis passos no país.

Os brâmanes são os únicos responsáveis pelos rituais religiosos hindus, assumindo as posições de destaques nos seus templos, uma vez que a cobrança da roda da vida é maior para os mais habilitados.

O Hinduísmo é uma religião politeísta (presença de vários deuses). Dentre as suas principais divindades encontram-se:

* Brahma – representante da força criadora do Universo, a alma universal;
* Matsya – responsável por ter salvo a humanidade da destruíção;
* Vishnu – responsável pela manutenção do Universo, também conhecido como “o preservador”;
* Ganesha – responsável pela prosperidade, inteligência, intelecto e a capacidade de superar obstáculos. É representado como um ser com corpo de homem e cabeça de elefante. Simboliza a união entre o masculino e o feminino (ou os princípios Shiva e Shakti), pois sua tromba é uma forma fálica, e a boca é a forma receptora;
* Shiva – deus supremo, também visto como “o destruidor”. Representa o princípio masculino. É o deus da morte, da destruição e das transformações profundas. Sua atuação é fundamental, pois do caos que promove, é que nasce a nova vida.

Os saddhus são homens “santos“, que renunciam ao mundo e vagueiam em busca de sabedoria e iluminação. São devotos de Shiva e costumam andar seminus, com os cabelos compridos e emaranhados. Dedicam-se à prática da ioga, que seria uma expressão da dança de Shiva.

Na visão hinduísta, a vida é um eterno retorno, que gira em volta de ciclos homocêntricos, terminando com a iluminação. Portanto, os hindus não veem os problemas da existência como castigo ou pecado, mas como uma chance de a alma amadurecer, para chegar à iluminação, posição alcançada por poucos. De modo que, as várias facetas existenciais são tidas como transitórias.

Somente diante do conhecimento da crença hinduísta podemos compreender a posição de servilismo e submissão em que se encontram os dalits. Tudo aceitam como um meio de alcançar, no próximo retorno, uma vida melhor. A revolta impediria o amadurecimento espiritual.

Como uma das principais características do Hinduísmo é a sua capacidade de absorver novos elementos, tanto a influência muçulmana, quanto a cristã já se fazem presentes nos dias de hoje, levando-o a se dividir em várias correntes.

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